O que costurar me ensinou até agora

Por Dani em Papo Furado

Sentei pela primeira vez em frente a uma máquina de costura em algum dia frio de 2006, em Juiz de Fora. Morava com a Tia Celeste na época e como sempre fui de ficar em casa, acabei adquirindo novos hobbies ainda mais caseiros para lidar com a saudade e com o frio.

A Tia Cel me iniciou na costura por um método que hoje eu chamo de “Costura Criativa” e a minha irmã morre de rir. Na casa da Tia Cel, a gente alinhavava apenas quando era mais complicado, costurava veludo com o pé normal e às vezes não olhava o fio do tecido na hora de cortar. Por que a costura era um momento de se divertir. Alguns hábitos mantenho até hoje e não acho que eles mudam o resultado final – o que eu faço não fica feio, mas não fica perfeito.

Muitos lugares e muitas pessoas pregam a perfeição da costura: um caimento perfeito, um corte impecável. Pra mim, a costura não é uma ciência exata. É um processo. E nesse processo a gente vai aprendendo, sem pretensão de perfeição, mas de crescimento.

Nós recebemos umas mensagens do mundo que é preciso muita atenção e filtro. Não pode listra horizontal porque engorda, não pode saia midi pra baixinha, tem que marcar a cintura, tem que ficar alta, tem que ficar magra. Fazer as suas próprias roupas, pra mim, deixou de apenas diversão e passou a ser um posicionamento ideológico. Eu costuro a roupa feita nas minhas medidas que estão longe de ser as de uma pessoa alta, magra e fina. E costuro elas de uma maneira que considero divertida e cada vez mais aprendo um pouco. A costura criativa virou mais uma forma de experimentar que de seguir regras. Tia Celeste nem sabe, mas me ensinou a ser subversiva rs.

Hoje as minhas roupas me servem, não eu que tento servir nelas. Me sinto mais linda e ainda me divirto muito no processo.

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