Molde da Deer and Doe: Myosotis

Por Dani em Costura

Gente do céu, mais de ano! Mas a nossa musa inspiradora deixou um comentário e vim com toda vontade postar o último projeto.

A Deer and Doe lançou a coleção de primavera verão e meu coração se derreteu. Cada peça linda! Eu e a Ana ficamos babando e decidimos que iríamos investir num dos moldes, o Vestido Myosotis!

Robe Myosotis

Pra quem não sabe, é uma loja francesa que vende moldes, com versões em inglês e francês, impressos ou digitais. Como comecei agora num emprego, estou meio lisa e a Ana comprou o molde. No mesmo dia, fui na Lealtex e comprei tricoline, os 3m necessários segundo eles. Fiquei louca nesse branco e comprei dessa cor também.

Galera, sobrou metade do tecido. Acho que eles fazem a previsão para o maior tamanho, que é 52. Pela tabela de medidas, decidi fazer o 36, que é dois tamanhos menores que o meu, já que achei exagerado e o tricoline tem mais estrutura que um crepe.

Decisão super acertada, o tamanho ficou perfeito, as coisas todas encaixaram e ele ficou lindo!!! A única coisa que achei estranha foi a marcação do bolso, achei muito baixa pros meus braços de pessoa que foi apelidada na infância de Cocô de Anão. 

Resolvi usar no Dia das Mães que a nossa mãe veio passar comigo e tiramos fotos legais no Museu do Amanhã.

Essa é nossa mãe, de óculos pois ela é famosa Low Profile

Amei essa gola padre, meu pescoço é curto e qualquer gola com pé ou colarinho fica batendo na minha orelha (se a modelagem não é minha, claro). Já estou planejando fazer outro desse em marinho, a hashtag no instagram tem várias produções lindas!

Esse vestido só pode ser feito por conta deste calcador:

Calcador de Franzido

Aprendi a usar ele nesse vídeo da Amorimaq e é uma MARAVILHA. Uso até pra embeber manga.


Costura da Semana: na vibe do linho

Por Ana Elisa em Costura

Só pra mostrar pra vocês que eu também virei adepta do linho, igual minha irmã. Ela trouxe uns metros de linho pra mim, e morreu de colar pra virar calça, já que trabalhar de calça jeans nesse clima de Manaus me deixa agoniada (eu preciso trabalhar de calça comprida, não pode saia, infelizmente). Eu tenho uma calça pantalona de viscolycra que é a coisinha mais gostosa de usar, além do que fica mais elegante que o jeans. Pensando nela, fiz a primeira pantalona da vida a partir de um molde que a Dani fez no ano novo, de uma pantacourt. A calça dela ficou linda, eu experimentei e deu legal em mim, mas achei muito pega-marreco, como diz mamãe. Ou seja, muito no meio das canelas. Aí resolvi aumentar alguns centímetros no comprimento do molde.

close no tecido

usando cada centímetro do tecido

Eu morro de pena quando faço alguma coisa e sobra retalhos de tecido que não consigo aproveitar, então sempre procuro escolher entre os que tenho um tecido com tamanho de acordo com a metragem necessária pra cada projeto. Mas dessa vez eu exagerei, olha. Cortei inclusive muito rente à ourela, e assim também já é demais. Então, se você vai fazer uma pantalona, tem 1,60 m de altura, 68 cm de cintura e 102 cm de quadril, 1,50 m de linho É POUCO pra fazer uma calça com bolsos, passadores e cinto, tá? Pras minhas medidas eu já sei que essa metragem de tecido dá pra uma calça skinny ou reta, talvez pantacourt, mas pantalona é melhor não.

acabamento com overloque

Fiz o acabamento interno na ultralock. Ainda tô aprendendo a usar essa máquina, mas eu gostei bastante do resultado. Papai disse que deu um acabamento profissional hahah, só que ele não sabe que sou fã de acabamento da alfaiataria e alta costura e que, se eu tivesse disposição, tacava era viés nos acabamentos internos. Mas comprei a ultralock justamente porque não sou lá muito paciente.

frente

costas

Eu só tinha um zíper normal de 40 cm dessa cor, daí cortei e coloquei atrás, entre duas pences. Em cima, fechei com colchetes. Acho que teria ficado muito bonito um zíper invisível no lugar desse.

detalhes do cós e da prega

Embora não seja difícil fazer um molde de calça pantalona, quis aproveitar que o da Dani já tinha pregas. Aí adicionei também bolsos nas laterais, passadores e um cintinho.

resultado final: pronta pro trabalho

Eu gostei tanto, tanto, mas vou fazer ainda uma alteração: percebi que o cinto levanta e fica mais pra cima na minha costa, então vou tirar um pedaço dele pra fazer outros dois passadores e colocar mais perto do zíper.

Achei que minha calça ficou chique, além de fresquinha <3 Pinei no meu board Combinações, do Pinterest, algumas idéias pra me inspirar na hora de usar essa calça e já fiquei de olho em outros modelos de calça que vi por lá. Vamos ver qual vai ser a próxima… Beijos,

 

 


Um pouco sobre tecidos planos

Por Ana Elisa em Papo Furado

Como podem ver, depois desse post me empolguei com o assunto hahah. Antes de começar a costurar, é fundamental que se entenda ao menos um pouquinho sobre tecidos. Vou tentar fazer alguns posts falando sobre esse assunto, pra dividir as coisas que aprendi. Quando eu comecei, adorava fazer projetos com cetim, porque adoro brilho, mas com o tempo fui vendo que existem tecidos melhores pra se cortar (porque meu problema maior não é a hora da costura, é a hora do corte) e mais adequados pra se usar no clima infernal de Manaus. Além disso, descobri da pior maneira que o jeito que você corta o tecido influencia no caimento dele. E aí eu entendi porque se estuda corte e costura, e não só costura.

Bom, vamos pelo começo. Os tecidos são formados pelo entrelaçamento dos fios do urdume e da trama. Os fios de urdume são paralelos à ourela (gravem esse nome porque é importante: ourela, ourela, nada de auréola, tá?). A ourela é aquela parte do comprimento do tecido que é toda desfiadinha e com furinhos, nas laterais. É a borda do tecido, digamos assim.

finge que é um tecido

 

Então, grande parte das roupas é cortada no mesmo sentido que a ourela, mas o que vai determinar o sentido é o caimento que você quer. Quando o molde é cortado em paralelo à ourela, no sentido do urdume, ele fica com um caimento bom. Quando é em paralelo à trama, fica mais armado. E ainda quando é cortado em um ângulo de 45 graus da ourela, ou no viés, ele fica bem mais flexível.

Mas voltando: o tecido é formado pelo entrelaçamento desses fios, e a forma que isso acontece influencia diretamente na textura do tecido, assim como o material e o número de fios usados. É importante frisar aqui que vou falar sobre tecidos planos, que basicamente são aqueles tecidos que não esticam, a não ser quando é misto e tem alguma porcentagem de elastano, por exemplo. As malhas são aqueles tecidos que esticam, e o que diferencia principalmente os dois tipos é como os fios são dispostos e a forma como são feitos.

 

estrutura do tecido plano. fonte: Corte e Costura vol 1, Gil Brandão

estrutura da malha. fonte: Corte e Costura vol 1, Gil Brandão

 

Tipos de Fibra

Os fios são feito a partir de fibras que podem ser naturais, artificiais ou sintéticas. As naturais vêm diretamente da natureza, digamos assim. Vêm dos animais (seda, lãs), dos vegetais (como algodão, juta, linho) e até dos minerais. As artificiais são obtidas da polpa da madeira (viscose, acetato, modal) e as sintéticas são derivadas do petróleo, como o poliéster.  Vou tentar falar de cada uma em outro momento, senão esse post fica muito longo.

lençóis de linho. fonte: pixabay

 

saco de juta. fonte: pixabay

Tipos de Ligamento dos Tecidos Planos

Antes de eu ler um pouco sobre o assunto, eu achava que cetim era um tipo de material de tecido, mas depois descobri que é um tipo de ligamento, ou estrutura, como chama o Gil Brandão. Segundo ele, são três as principais: o tafetá, a sarja e o cetim, e todas as outras derivam dessas, com exceção do jacquard (lê-se jacár), que é feito num tear próprio.

A estrutura tafetá é aquela da imagem lá de cima, a mais simples e comum de todas, onde o fio da trama é entrelaçado com o fio do urdume, uma vez por cima, uma vez por baixo, como no tricoline de algodão. Na estrutura sarja o fio da trama passa por cima e por baixo de dois ou três fios do urdume, formando um padrão diagonal no tecido, que é o que acontece no jeans. E, por fim, a estrutura cetim é formada quando o fio da trama ou do urdume passa por cima de vários outros, e depois por baixo de um único fio, conferindo um brilho ao tecido, como é visto no cetim de seda.

fonte: Corte e Costura vol 1, Gil Brandão

 

O que a gente pode perceber é que dá pra chegar a vários tecidos diferentes só mexendo no entrelaçamento da trama e urdume. Isso altera também a resistência dos tecidos. Essas três estruturas são as principais, como diz Gil Brandão, mas há várias outras, como a chevron, que forma ziguezague, a canelada, a felpuda, a gaze etc. Então, geralmente quando vamos escolher um tecido pra costurar, levamos em conta a estrutura e o tipo de fibra. Por exemplo: uma saia de viscose acetinada (tipo a minha) tem toque e caimento diferentes de uma cortina de cetim de poliéster, apesar dos tecidos terem a mesma estrutura. Ou ainda os tecidos são da mesma fibra mas com estruturas diferentes, como uma blusa de cambraia de algodão e uma calça de sarja de algodão.

Eu aprendi muito sobre tecidos lendo e vasculhando lojas, pra ver e sentir as texturas, uma dica essencial pra quem quer aprender. Hoje consigo distinguir alguns tecidos só de olhar, mas ainda preciso praticar muito. E se tem uma coisa que eu adoro fazer é xeretar loja de tecidos <3

 

Fontes:

Aprenda a costurar. Gil Brandão. Ediouro, 1981

Guia prático dos tecidos. Maria Helena Daniel. Novo Século Editora, 2011.

Corte e costura – curso prático de moda. Rosário Medeiros, Escala, 2013.

 


Obsessão: Linho Misto

Por Dani em Costura

Tirando a poeira depois de tanto tempo sem postar. A verdade é que a minha vida deu uma volta de 180º nos últimos meses e demorou um pouco pra me adaptar com as mudanças. Mas se teve algo que aconteceu, foi o meu amor verdadeiro por Linho Misto com Viscose. 

Tudo que eu quero nesse verão dos infernos no Rio de Janeiro, é estar fresca. Ou seja, nada de tecidos sintéticos ou qualquer coisa que me cubra muito, não estou conseguindo vestir! Aí que descobri na Lealtex (já falei sobre essa loja nesse post aqui) que o linho misto com viscose custava R$24,90 o metro. E aí, meus amigos, me joguei. Comprei preto, marinho, branco, rosé e vinho. Já costurei todos esses cortes e vou postando aqui mas o meu favorito, sem dúvida, foi esse pretinho básico:

Cara de morta e foto ruim, desculpa pai, teve que ser no trabalho.

Gótica suave que sou, amo preto e queria um vestidinho básico e arrumadinho pra eu poder ir trabalhar. Fiz esse molde a partir de um vestido de viscose que tenho que funciona super bem em mim, inclusive o comprimento que é algo que eu costumo errar muito. Já fiz vestido mega curto que só podia usar com meia calça e com comprimentos que eu fiquei mega achatada.

Vestido com Bolso!

Mas a maior vantagem de se fazer seu próprio vestido é poder colocar bolsos. Vestidos com bolsos são as melhores roupas do universo e eu vou defendê-los. Incrivelmente eu tenho não ponho bolso nos meus moldes, principalmente por preguiça, mas sinto tanta falta no dia a dia que tive que colocar nesse.

Amo tanto esse vestido que quero hoje mesmo comprar mais um pouco de linho e fazer outro, dessa vez um rosé.

Beijos!


A primeira roupa que costurei sozinha

Por Ana Elisa em Costura

Eu tava vendo umas fotos que tirei com o celular antigo e ficaram salvas no meu computador. Olhei várias roupas que fazia e mandava a foto pra minha irmã. Aí achei essa:

 

minha saia godê de viscose acetinada com bainha de lenço <3

 

Essa foto é de outubro de 2014. Eu tinha acabado de voltar pra São Paulo, depois de uma longa e triste temporada em Manaus, justamente a época em que comecei a costurar. Essa foi a primeira peça que eu costurei sozinha. A Midori, minha prima, me ensinou a fazer o molde e cada passo da costura, mas as aulas dela eram diferentes das aulas da Dani. Aliás, eu já falei que a minha irmã (tentou) me ensinou a costurar? Essas são algumas das peças que fiz com ela:

blusa metálica, a mesma da foto do Quem Somos, ali no canto direito https://www.instagram.com/p/kvUvdcAeif 

vestido de cetim https://www.instagram.com/p/iu2s2Vgekk (amor verdadeiro, amor eterno)

bata de cetim https://www.instagram.com/p/cCyo72Aej7 ——> a primeira de todos

Então, como eu disse, eu comprava os tecidos e pedia pra Dani me ensinar, mas ela meio que queria acabar logo com aquilo e do meio pro final ela que costurava. Até que teve um dia que tentei sozinha, seguindo as instruções da Manequim, mas não consegui e reclamei no Facebook. Minha prima teve compaixão e disse pra eu ir lá com ela, que ela me ajudava. Aí saiu esse vestido aqui: https://www.instagram.com/p/tO39EggejE

Depois desse, ela disse que ia me ensinar a modelar e costurar, e aí nasceu minha saia <3 Uma das coisas que mais amei nela, além de ser rosa choque e de viscose, foi a idéia que a Midori deu pro elástico. Usamos um elástico de calcinha que tia Gina tinha por lá.

 

detalhe do elástico

Usei muito essa saia, mas comecei a emagrecer e ela ficou muito frouxa. Aí eu dei, porque acredito que alguém possa aproveitar em vez de eu ficar guardando até sei lá quando. mas quero muito fazer outra dessa. Vocês ainda lembram a primeira peça que fizeram? Beijo,

 

Ah, comprei essa viscose na Tapajós, no centro de Manaus. Não foi das mais baratas, mas foi amor à primeira vista rs